Muller Brockmann
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ID-E - Estudos Autónomos
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Informação Geral
Tema: Layout e composição visual
Nome e Apelido: Josef Müller-Brockmann
País: Suiça
Nasceu a 09 de maio de 1914, Rapperswil
Faleceu a 30 de agosto de 1996, Unterengstringen
Sites consultados
Sobre o autor
- “Simplicidade. Redução. Lirismo, por vezes. Josef Müller-Brockmann foi um pioneiro do design suíço, com uma actividade que abrangeu grande parte do século xx.”
Müller-Brockmann foi um conceituado designer gráfico e professor universitário de origem suíça. Considerado um dos pioneiros do “estilo suíço”, nasceu em 1914 e deixou-nos oitenta e dois anos depois. Brockmann quis alcançar o ideal de uma expressão absoluta e universal no design gráfico através de concepções supostamente «objectivas» e «impessoais». Na realidade, forçou um estilo de austeridade e de rigidez bem típico da mentalidade calvinista que ainda é frequente, hoje, observar na Suíça. Na sua renúncia à exteriorização de sentimentos pessoais e subjectivos, Brockmann seguiu o caminho da «despersonalização» do design. Contudo, Josef Müller-Brockmann não deixou de exprimir entusiasmo em alguns trabalhos gráficos. Os seus trabalhos dos anos 50 continuaram na linha da escola de Bauhaus, com funcionalidade e clareza. Alguns posters baseados em fotografias suas brilham pela poesia, outros pelo formalismo. Brockmann estudou em profundidade arquitectura, design e história da arte, primeiro na Universidade e depois na Kunstgewerbeschule, em Zurique. Após uma aprendizagem profissional num atelier gráfico, Josef Müller-Brockmann abriu em 1936 o seu próprio atelier em Zurique, especializando-se em trabalhos gráficos, concepção e desenho de exposições, e fotografia. A partir de 1951, Josef Müller-Brockmann produziu cartazes para os programas do Centro de Audições e Concertos Tonhalle em Zurique.
O cartaz que se segue é um dos seus clássicos:
Cartazes
Como referi anteriormente, a partir de 1951 Brockmann produziu um número considerável de cartazes para concertos, assim como colaborou com grandes empresas, e actualmente é inspiração para muitos designers. Reconhecido pela sua simplicidade na maneira com usa as formas e a tipografia, é também autor de vários textos sobre a prática do design, nos quais se revela um verdadeiro defensor da utilização da grelha. Uma das características mais berrantes do trabalho de Josef Müller-Brockmann, e que acaba por caracterizar todo o “estilo suíço”, é a constante utilização de fontes não serifadas, umas vezes em caixa mista, outras limitando-se à caixa baixa. Não havendo por vezes recurso a qualquer tipo de ilustração, substitui casualmente esse aspecto apelativo pela utilização de uma cor de fundo secundária, moderando o contraste de toda a composição. Sendo, portanto, prioritário organizar a informação, são hierarquizados os tamanhos tipográficos de forma a permitir uma leitura a vários níveis mas sempre clara.
Experimenta por vezes reduzir a quantidade de informação: o texto continua independente mas inserido num jogo gráfico simples e plano, muitas vezes limitado às formas mais elementares, e que aparenta não colaborar com a mensagem. Essa contextualização abstracta acaba por potenciar a composição no seu todo, justificando-a pela grelha e resultando algum equilíbrio óptico.
Estas duas ideias, a grelha e abstracção formal, levam-no a resultados cada vez mais coerentes. Por um lado quebra em alguns trabalhos com a tradição horizontal, experimentado o alinhamento oblíquo. Por outro lado, a ilustração minimalista quase coopera simbolicamente com o conteúdo.
Em trabalhos de cariz social ou comercial, Müller-Brockmann opta por outro tipo de abordagem recorrendo à fotografia. Nestes casos a imagem ganha importância sobre o texto, sendo a montagem fotográfica quase auto-suficiente.
Mas definitivamente é a tipografia o grande foco de Josef Müller-Brockmann, tendo sido um dos grandes impulsionadores da “Akzidenz Grotesk” e posteriormente da “Helvetica”. Raramente ilustra o conteúdo, apesar de por vezes o fazer de forma simbólica e contida. Consegue um evidente equilíbrio óptico sem se restringir à simetria, fundamentalmente promovido pelo alinhamento (ou grelha). A cor harmoniza a composição sem ferir o público, permitindo apenas o justo contraste.
Grid Systems in Graphic
O livro Grid Systems in Graphic Design vinca o uso da grelha como princípio básico do projecto de design. Na página 10 do livro, Müller-Brockmann declara que “o uso do sistema de grelha implica a intenção de sistematizar, de procurar a clareza, a intenção de introduzir o essencial, de concentrar, a intenção de cultivar objectividade ao invés de subjectividade, a intenção de racionalizar os processos criativos e técnicos de produção, a intenção de integrar elementos de cor, forma e material, a intenção de alcançar domínio arquitectural sobre a superfície e o espaço [...]” Grid Systems in Graphic Design foi lançado em 1961. É um grande exemplar do que é chamado de design moderno, falando da racionalidade nos projectos, da importância da matemática e das relações espaciais entre os elementos de um produto. Foi lançado em português em 1982, esgotado e nunca mais reeditado.
Outros trabalhos
Conclusão
Como referi inicialmente o trabalho deste autor interessou-me especialmente, mais do que pela simplicidade, pela coerência e clareza, mas de certa forma os seus estudos parecem incidir sobre a forma de captar a atenção do público e sobre como comunicar com o mínimo de ruído possível. O número de elementos é portanto contido, e a composição justificada com muito detalhe. Apesar de isto levar, eventualmente, a parecer que se elaborarão cartazes vazios de estética, na minha opinião acontece o oposto, levando adivinhar o conceito original, e acabando-se por descobrir alguma poética na forma de ilustrar deste autor. Müller Brockmann foi um verdadeiro mestre e pioneiro do seu ofício, e mesmo após a sua morte, em 1996, o seu trabalho ainda representa um marco para muitos.
O trabalho a seguir apresentado teve como ponto de partida o trabalho de Müller Brockmann:
